CGV#15: Estações de trem Fantasma e outros causos fantásticos
Uma viagem por locais abandonados da Guerra Fria e pelo imaginário latino-americano
Olá, viajantes!
A edição de Fevereiro da Grandes Viajantes veio um pouco atrasada por conta do Carnaval. Desde o ano passado, o 360meridianos vem passando por uma auditoria de conteúdo e muitos textos que amamos acabaram saindo do blog.
Isso acontece porque eles não são textos feitos para os motores de busca: não respondem nenhuma dúvida e nem atendem a uma palavra-chave específica. Mais do que isso, não foram escritos para robôs, mas para pessoas curiosas, com interesses distintos e que sabem que conteúdo não tem que ser sempre utilitário, buscando resolver um problema específico de alguém. Foram escritos para quem gosta de ler coisas interessantes que a gente nem sabia que existia e para quem se interessa por aprender e descobrir sobre o mundo mesmo que não esteja planejando uma viagem para um destino específico.
Foram escritos para vocês.
É claro que ficamos tristes que textos assim tenham que sair do blog, mas não adianta remar contra a maré. A internet mudou e talvez o blog não seja mesmo mais o lugar para esse tipo de conteúdo. Os textos estavam lá, mas acabaram escondidos sob camadas e mais camadas de URLs. Ninguém os encontrava mais, somavam poucas leituras nos últimos anos e no final se tornaram um peso morto para o site.
Por outro lado, encontramos aqui, nessa newsletter, um espaço para continuarmos a ser curiosos e criativos na internet.
Excepcionalmente em fevereiro, trouxemos dois textos que amamos do blog e que saíram do ar nessa leva. Agora só vão ficar disponíveis para os assinantes da CGV. Esperamos que eles sejam inéditos para a maioria de vocês. Aos que já tiverem lido, prometemos que mês que vem voltamos com a nossa programação normal com novas reportagens e crônicas de viagem que vocês só leem aqui.
Um grande abraço e até a próxima!
As Estações de Trem Fantasma em Berlim
“O trem seguia em velocidade mais baixa, passando por uma ou várias estações-fantasma pouco iluminadas, com vislumbres de guardas armados da Alemanha Oriental, alguns dentro de proteções e concreto.”
No dia 9 de novembro de 1989, após uma confusa conferência de imprensa, o porta-voz do Partido Socialista Unificado da Alemanhã, Günter Schabowski, afirmou que, a partir daquele momento, seria permitido viajar entre os dois lados do Muro de Berlim.
Não tardou para que as primeiras pessoas começassem a se aglomerar no check point em frente à ponte Bösebrücke, na Bornholmer Strasse, exigindo passagem do lado oriental para o ocidental.
O coronel Harald Jäger guardava, naquele momento, o posto de segurança sozinho. Tentou, sem sucesso, pedir informações para seus superiores, mas só recebeu ordens confusas. Frustrado e incapaz de conter o povo, ele simplesmente abriu os portões e liberou a passagem.
Eu podia ver essa ponte e a avenida Bornholmer da janela do apartamento que me abrigou por cinco semanas em Berlim. Minhas anfitriãs eram alemãs bem jovens, cujas famílias viveram do lado leste do muro, a RDA (sigla para República Democrática Alemã), ou setor soviético.