CGV#3: A cidade colonial que sumiu do mapa
“Todas as outras construções foram demolidas, incluindo as tumbas dos cemitérios”
Olá, Viajantes!
Essa é a segunda versão de nossa newsletter exclusiva, que se propõe a ser uma conversa mais próxima com quem nos apoia e acompanha e um espaço de resistência na internet no qual podemos fazer aquilo que a gente mais gosta: escrever sobre viagens de uma perspectiva criativa, crítica e pautada na curiosidade por esse mundão que temos a desbravar.
Por isso, não podemos deixar de agradecer a vocês que resolveram entrar com a gente em mais essa empreitada. Nesses 10 anos de 360meridianos, acompanhamos de pertinho as muitas fases pelas quais a produção de conteúdo digital passou. E notamos que, cada vez mais, há menos espaço para esse tipo de texto que publicamos aqui: aqueles que começam conversas ou respondem dúvidas que você nem sabia que tinha. E é como uma forma de tapear o algoritmo que nós nos refugiamos aqui, nessa última fronteira dos primórdios das redes, a ferramenta digital mais estável e longeva de todos os tempos: o seu bom e velho email.
Quem escreve aqui dessa vez sou eu, Natália Becattini, de dentro de um apartamento em São Paulo, frustrada porque não vou mais o voo que eu tinha marcado para amanhã. É que, assim como ocorreu em março de 2020, minha aventura pelo Atacama teve que ser adiada outra vez.
É verdade que as coisas já não são mais as mesmas de quando a pandemia começou. As vacinas nos deram certa segurança e hoje temos informações múltiplas e confiáveis sobre o vírus e a doença causada por ele. Mas sim, foi justamente a pandemia que me fez ficar em casa. Dessa vez por causa de um detalhe burocrático: meus dados de vacina não aparecem no Connect Sus, ainda que eu já tenha tomado três doses.
O turismo pode até ter voltado – ainda que em passos lentos e num fluxo ainda muito inferior ao que conhecíamos –, mas como eu escrevi na minha newsletter pessoal uma vez (vocês podem assinar e me acompanhar por lá nesse link), mover-se no mundo não é tão complicado há décadas. E nós, que estávamos acostumados a ir e vir por aí como se nada, temos que nos readaptar a uma era de restrições, inúmeras perguntas na imigração e de um acesso internacional que já não é o mesmo de antes.
Deixo vocês aqui com dois textos que falam do passado, não com nostalgia, pois os tempos certamente não eram mais simples, mas com curiosidade de quem não deixa de desbravar ainda que sem sair de casa.
A cidade colonial que sumiu do mapa
Acompanhados de um sol agoniante, quatro viajantes cavalgavam pelo sertão mineiro. Após rápida passagem por uma vila chamada Venda Nova, eles cruzaram um rio estreito, mas caudaloso, de nome Arrudas. E deram de cara com um vale imenso, cercado ao sul por uma cadeia de montanhas.