CGV#9: Progresso imobiliário, decadência cultural
"Foi em um desses prédios reluzentes que eu me hospedei durante minha temporada em Budapeste: um apartamento tinindo de novo, em um corredor no qual ninguém parecia morar."
Olá, viajantes!
Agosto foi um longo mês. Enquanto turistas se amontoavam em aeroportos e hotéis, eu nem quis tentar enfrentar os preços e percalços de viajar na alta temporada na Europa. Me restou trabalhar e tentar aproveitar os intervalos entre as chuvas inglesas para tomar uma pint nas varandas de pubs que só são utilizadas nessa época do ano.
Eu escolhi não pagar 5 vezes mais numa passagem aérea para um destino mais ensolarado. Mas não quer dizer que não tenha ficado amargurada com isso.
Para não dizer que só fiquei em casa, aproveitei o verão para fazer um churrasco numa churrasqueira instantânea portátil (sim, esse é o nome) num dos parques da cidade; conheci alguns restaurantes novos e visitei o Peak Districk mais uma vez. E também fui às tradicionais corridas de cavalo, com direito até a usar fascinator.
Muito melhor do que meu verão sem grandes acontecimentos está a News de Agosto da Grandes Viajantes. Mais abaixo você lê uma reportagem especial da Natália sobre como a gentrificação de um bairro em Budapeste revela a política de esvaziamento cultural do primeiro-ministro Viktor Orbán. E também uma crônica agridoce sobre Conhaque, o cachorrinho idoso do Rafael. Além de duas dicas de série e a nossa atividade de escrita.
Abraços,
Luíza
Progresso imobiliário, decadência cultural
O que o 8º distrito de Budapeste nos conta sobre a política na Hungria.
Uma vez conhecida por seus espaços de prostituição e por altos índices de violência urbana, a vizinhança de Józsefváros (Distrito 8) é a nova fronteira da gentrificação no centro de Budapeste. As casas antigas do pré-guerra estão caindo aos pedaços e vão sendo, uma a uma, colocadas no chão por guindastes que já fazem parte da paisagem. No lugar, erguem-se prédios novos com fachada de vidro e uma porção de kitnets que serão, em breve, anunciadas no Airbnb.
Foi em um desses prédios reluzentes que eu me hospedei durante minha temporada em Budapeste: um apartamento tinindo de novo, em um corredor no qual ninguém parecia morar.